Poema sobre a luz

Para o meu filho L.

A tua silhueta corre,
Percorrem-te ondas como as do mar,
Tens escamas de luz.
Desenharam-te a tinta da China
E, no entanto,
és dourado,
Sempre foste dourado
E nos teus olhos anda o mar.
Não há em ti cinzentos nem opacidades,
Só berlindes que se divertem,
Provocando a refração da luz de quem te olha.
Qualquer pessoa que te fite é perpassada
Por uma espada etérea
E fica ali a beber do teu halo
Pelos olhos.
No cimo da tua cabeça pousa a cal da luz
E a cor afasta-se a nadar
Por entre as birras dos teus caracóis.
Sinto-te (ainda e sempre) contra o peito e o abdómen,
Transformando-me em ninho quente
E a tua presença pesa-me,
Afundando-me num conforto de lusco-fusco,
Que os cães conhecem (e os gatos),
Onde tu dormes.
3 de janeiro de 2022
Imagem: “O pequeno veleiro”, de Joaquín Sorolla
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