Sempre me surpreendem os dedos. A sua existência assusta-me (que querem?) e sigo-os, de olhos abocanhados ao movimento (que fazem?). Tenho-os presos na boca da minha imaginação. Os músculos (tenho-os) tensos, preparados na flexão dos membros. Só a cauda ...
Ler MaisA calma é um braço. Há um lago de leite e, ao fundo, o pôr do sol, esvaindo-se em tons de salmão. Esta é a hora. Um dedo toca o oceano ...
Ler MaisA raiva tem dentes de cão pequeno. Sempre demasiados, Demasiadamente agudos, Longilíneos como pincéis. Contidos (sempre) num espaço (que é) ínfimo. E extravasada, ainda assim, o ar é uma bochecha. A raiva, contida ...
Ler MaisO amor é uma caverna e um caminho pouco iluminado, fome, multiplicação dos pães, excesso e o levar das mãos à boca. O sal está algures nas paredes e no chão. (Como aparece no ...
Ler Mais“Deixa as folhas assentar. Permite na chávena o Outono.” – disse de mim para mim. Vi-me a rodar no encantamento amarelo do chá. Se continuasse recolheria as folhas e os seus ...
Ler MaisEscreve os seis nomes numa pedra e os outros seis nomes noutra. Compra o leite E o azeite E o ouro puro. As pedras são para pôr aos ombros. Onde quer que ...
Ler MaisA Tua voz está gravada no meu endocárdio. Ouço-a através de todas as camadas do meu corpo Sim, o meu corpo. Que é como quem diz um búzio, nebulosa ...
Ler MaisO banho fez o dia. A manhã nasceu depois de se lavar. Tudo o resto automatizou-se Na engrenagem das peças E fez-se um. Lavar é o secretariado da prontidão, haja ou ...
Ler MaisEu guardo o teu segredo e tu guardas o meu. Escapulo-me do rebuliço, (vou ao teu encontro) afasto as canas com uma mão (vou ao teu encontro) e com a outra, o ...
Ler MaisContinuo ao pé do mar, Os meus olhos no ir e no voltar mas desta vez na expectativa de que o mar viesse molhar viesse molhar-me os pés (eu ali sentada na areia ...
Ler MaisA intimidade é uma espécie de vapor de água entre silhuetas. Tem tacto fino, Toca ao de leve o nome, di-lo muitas vezes, baixinho, guarda-o. A intimidade fecha os olhos e sente. Abre ...
Ler MaisE assim foram... De pétala em pétala em pétala em pétala em pétala em pétala. Havia muitas direcções em cada flor. O vento agitava as saias, Levantava-as, baixava-as, Levantava-as outra vez. As cores eram agradáveis Rosa ...
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