A passagem dos peixes

 

No fundo do mar

há um espelho de cabo dourado.

Está lá pousado.

Os peixes passam,

Inexoráveis e encantados,

Agitando gelatinas de fada,

Nas suas mangas de cetim.

São braços e pernas que caminham,

Nadando,

E fazendo-o,

Levantam areias à sua passagem,

Penetram túneis de água,

Transpondo-se para espaços assombrados

E sigmoides de tempo desconhecido,

Imergulhado.

Cruzeiro Seixas compreendeu-os,

Sanguinolentos e antropomórficos,

Seccionados e com tripés.

Eu sei pouco sobre os peixes,

Sobre as suas escamas e respiração,

Mas vi o espelho,

Mas vi o espelho.

 

Abigail Ribeiro

14 de março de 2022

 

Imagem: de Cruzeiro Seixas, técnica mista sobre cartão, 36x50cm

 

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